sexta-feira, 27 de abril de 2012

mãe.

Coroas de Cranberries e Chila
A minha mãe é a melhor do mundo. É, porque é a minha. Olho para as flores que tenho na jarra, em cima da mesa e fecho os olhos por um segundo. Cheiram à Quinta Faísco, à terra cultivada, às árvores de fruto que começam a dar flor, aos morangos, a casa...

Quando andava na primária, eram os meus avós que me levavam para o campo, para poder sujar as mãos e os pés na terra. Hoje, sempre que regresso a casa dos meus pais, a minha mãe faz-me sempre uma visita guiada pelas suas pequenas maravilhas. A minha mãe não é agricultora, mas adora a liberdade que aquele pedaço de terra lhe dá. Enquanto tira as ervas daninhas, apanha espinafres ou planta um novo legume, o seu companheiro matateu, rebola-se pela terra, sobe às arvores, sem nunca a perder de vista. Adoro ver a tranquilidade e o sorriso, no rosto dela, enquanto me mostra tudo.

A minha mãe tem um coração tão grande, tão grande, tão grande, que ficaria rapidamente cansada se tivesse que escrever de acordo com a sua dimensão! E é nesse coração que eu e as minha manas estamos todos os dias porque, independemente da idade, a minha mãe não adormece sem saber se estamos todas bem!

Há mães por escolha, outras por dedicação, outras por afeto, outras porque sim. Conheci já muitas mães e todas são bastante diferentes e todas tão iguais! Há uma que gostava muito de ter conhecido por ter sido uma mãe tão carinhosa, capaz de levar um copo de leite à escola para o filhote beber no intervalo, mas, infelizmente, já não cheguei a tempo. Era a Mira.
Por isso, mãezinha, partilho estas bolachinhas contigo e com as outras mães que enchem o nosso coração todos os dias e mesmo não estando presentes, vão sempre ser recordadas. Obrigada por existirem: Maria Isabel, Maria Manuela, Mira, Sónia, Leonor, Isabel, Xana, Teresa, Viviana, Salete, Albertina, Maria dos Anjos,...

segunda-feira, 16 de abril de 2012

o quarto no sotão.

Sentei-me à secretária, que partilhava com a mjo, e decidi-me a desenhar o quarto perfeito. Não sei que idade teria mas recordo-me perfeitamente da convicção com que o fiz. Desde muito cedo que me habituara a partilhar o quarto com a mjo e, embora ela fosse a minha parceira de brincadeiras, sonhava com um sítio só para mim. Claro que o sótão, sítio onde os meus pais só nos deixavam visitar sob a sua supervisão, era o local perfeito para mim. Desenhei as escadas que partiam do quarto partilhado para o maravilhoso mundo novo. Havia só um tapete pequenino e com franjas, mesmo ao lado da cama, que seria pequenina porque, na minha ideia, as camas grandes só as podíamos ter quando nos casássemos. Uma pequena estante com uns livros arrumados e outros no chão, só porque ali podia ter as coisas como queria e uma secretária para poder escrever e fazer os meus desenhos. Acima de mim, só as estrelas e uma alegria gigante por não ter ninguém a chatear-me.
Guardei esse desenho até hoje. Na altura, escondia-o dentro do meu diário (cheirava tão bem!), para que ninguém soubesse que, secretamente acalentava esse sonho. Esperava que o adivinhassem... O quarto no sótão nunca se chegou a concretizar e a primeira vez que tive um quarto só para mim foi quando fui para a universidade. Podia ter respirado de alívio, mas não. As primeiras noites foram terríveis. Faltava uma cama ao lado da minha, alguém com quem partilhava as minhas histórias já com a luz apagada. Mas esse segredo também o guardei, estoicamente, só para mim...!

Às vezes sonhamos com coisas que, de tanto as querermos, nos parecem facilmente concretizáveis. Andamos dias, meses, anos, a desejar isso. E, na maior parte das situações, quando finalmente conseguimos, apercebemo-nos que afinal o sonho quando se materializa pode sair ligeiramente retorcido. Mas, correndo o risco dos clichés, vou espalhar estas estrelas que fiz, para que, pelo menos um, sonho de uma criança seja concretizado.

Bons sonhos!


cf

P.s - Por causa destas fotografias, o flz está sentado na sala a ler a banda desenhada do bolinha!

domingo, 8 de abril de 2012

joy, the baker e aquilo que temos no frigorífico

bolachinhas de abóbora e sementes de papoila e frésias da quinta Faísco
Há uns tempos, no meio de ligações que vão dar a outra tantas ligações, encontrei a Joy, the baker. O primeiro impacto é visual porque as fotografias são realmente deliciosas. Mas, depois de passar esta longa fase que nos abre o apetite mil vezes, comecei a ler os texto que ela publicava juntamente com as receitas. São simples e ilustrativos do seu quotidiano. E, só isso, é o suficiente para me deixar deliciada. Aprecio as palavras simples, as pequenas surpresas do dia a dia, as memórias, o cheiro da fruta, a surpresa de uma receita acabada de criar... E esse é também o mundo da Joy. Claro que não nos comparo. Ainda tenho que criar muitas outras receitas até chegar aquele patamar mas, ao ver o site dela fico com vontade de pôr as mãos na massa!

E, foi depois de uma dessas visitas, que decidi criar umas deliciosas bolachinhas de abóbora e sementes de papoila. Sei que a época da abóbora já passou mas, como ainda tinha alguma congelada, decidi aproveitá-la para dar um sabor diferente a estas bolachas. Ás vezes perguntam-me, seja com os doces ou com os salgados, o que é que hão-de cozinhar. A minha pergunta é sempre a mesma: o que é que tens em casa? Acho que devemos utilizar os recursos que temos em vez de procurar nos supermercados uma resposta para as nossas preces culinárias. Em casa dos meus pais fui habituada a fazer as minhas experiências com o que tinha e isso criou em mim o sentido da invenção.

bolachinhas de abóbora e sementes de papoila
Em nossa casa, o flz fica sempre admirado como é que eu consigo fazer algo tão bom, depois de ele ter olhado para o frigorífico duas vezes e não ter encontrado nada. Um pouco de magia e imaginação e, voilá!
Estas bolachinhas são para gulosos que gostem de experimentar sabores novos e não têm medo de arriscar! Por isso, o meu desafio para vocês, para esta semana é: olhem para o vosso frigorífico/ despensa e façam magia!

Boa semana!


cf

domingo, 1 de abril de 2012

cat farelli e ana madureira

partilhar.

A banca do dom farelo
Ontem foi dia d'O Mercado. Durante um dia e uma noite, eu e a X., estivemos na cozinha, envolvidas em farinha. Pacientemente, preparávamos as iguarias que íamos levar para partilhar com os visitantes do mercado. Sempre a pensar que não era suficiente, tentei adequar as quantidades para mostrar e dar a provar a pessoas que não conhecia.
Maria Pirulito
Amassei pão de chocolate e laranja, pão de farelo de trigo, pão de trigo e umas broínhas de centeio, arroz e agave. Dei forma a borboletas, gatos, corações... Derreti chocolate, cortei fruta,...Pausa. Quando comecei a preparar as cestinhas, já a noite ia longa. Não sei onde vamos buscar força e resistência para continuar, mesmo depois das costas se queixarem, as mãos ficarem vermelhas e duas ou três queimaduras. A felicidade de fazermos aquilo que gostamos, dá-nos uma energia que julgamos não ter. E isso, é maravilhosamente bom e surpreendente.
N'O Mercado conhecemos pessoas fantásticas, com projectos muito interessantes. A nossa vizinha, Maria Pirulito, tinha umas compotas deliciosas e umas maçãs do amor tão, tão, tão boas que não resisti a trazer uma para o flz. Deixem que a vossa curiosidade vos leve até ela porque aquela banca deixava qualquer um maravilhado.
cat farelli e X.
 Tivemos a oportunidade de conhecer alguns amigos que só tinham trocado palavras connosco através do Facebook. Dar a provar as nossas iguarias e observar, lentamente, o sorriso que se abria no rosto da pessoa. É simplesmente maravilhoso poder partilhar o dom farelo com vocês. Saber que as nossas bolachinhas e biscoitos transportam um pouco do nosso calor, da nossa vontade de tocar nos outros e contar histórias através destas receitas que vou criando.


Obrigada e, vemo-nos por aí!