sexta-feira, 20 de julho de 2012

noiserv.

Há músicas que de tão bonitas, tão bonitas, tão bonitas, nos fazem sonhar. Quando estou acordada posso divagar no meio dos meus sonhos e criar a partir deles. A liberdade total e completa, sem compromissos ou amarras, é possível durante 4:46 ou um álbum inteiro. Enrolo-me em fios invisíveis que me levam a sentar no topo da montanha depois de uma longa caminhada, a sentar em frente ao mar a sentir os salpicos da água salgada na cara, a mergulhar nas águas do nosso "canadá", a conduzir pelo verão fora com uma única mochila no banco de trás,...
Como não quero regressar, ouço as mesmas músicas vezes sem conta e penso em piqueniques debaixo de árvores grandes, em pés descalços, cerejas e um bolo! Abro os armários e, como não vou descalçar as sapatilhas, subo ao banco e começo a soltar ingredientes. Cheira-me a baunilha, a chocolate, a blueberries! Costumo transformar as minhas ideias em biscoitos, mas hoje apetece-me mesmo uma fatia de bolo.
Para quem está em casa a trabalhar, a ver o sol lá fora, sem molhar os pés, sugiro Noiserv e uma fatia deste bolo que está quase a sair  do forno: red velvet cake with blueberries!

cf

sábado, 7 de julho de 2012

o Arraial.

Suspiros de Morango
Ser-se dada a possibilidade de viver um sonho é algo único e mágico. Ontem foi o meu momento. Depois de me sentar na cadeira, no campo de jogos de Donim, em Guimarães, para ver o Arraial , o novo espectáculo da Circolando, começou a minha viagem. É quase difícil transcrever em palavras aquilo que senti, a quantidade de sorrisos que esbocei, a semi inveja por não ser eu a ter esta ideia maravilhosa. 
Durante duas horas, que não se sentem, viajei pelo imaginário rural das festas da aldeia, do Arraial. Com receio de acordar, observava aqueles corpos a modelarem-se pelo espaço, com folhas de couve na cabeça, com figuras de cera, com motorizadas a ronronar à volta do palco, com véus longos, com a magnífica música dos Dead Combo.
A felicidade que saía do palco, contagiava-me a mim e a todos os habitantes de Donim que riam, que apontavam para quem conheciam no palco, que acalmavam crianças a dizer que era só teatro. Mas, para mim, foi muito mais. Foi regressar à paróquia, à catequese, às procissões, às festas cheias de luzes onde os homens se encostavam ao bar e as mulheres se reuniam, sentadas a falar das suas vidas e dos seus filhos, ao cheiro das pipocas que nem sempre podia comer, ao momento em que víamos aquele rapaz por quem o coração batia mais descompassadamente.
Ter a oportunidade de ver um espectáculo assim, é um privilégio. Enquanto estamos ali, julgamos fazer parte de uma outra realidade, de um sonho com raízes que, à medida que crescemos, queremos prolongar. 
Desde que deixei de ir à festa da vila agarrada às mãos dos meus pais, a minha mãe traz-me sempre um doce que faz terrivelmente mal, mas que sabe tãaaao bem: suspiros!
A pensar em todos estes momentos, criei a minha própria versão: suspiros de morango. E são maravilhosos. Se fechar os olhos, enquanto trinco um, regresso ao Arraial.